Ao serviço

De 1 a 8 de Novembro, a Igreja viveu a semana de oração pelos Seminários.
A palavra seminário exprime a ideia de sementeira, viveiro de plantas. Para a sociedade em geral, significa uma reunião para aprofundar um tema. Para nós, cristãos, o seminário é o espaço onde se ajuda a crescer na fé jovens e adultos; onde se formam os futuros padres da Igreja.
A Diocese de Portalegre-Castelo Branco, como outras dioceses, apresentaram, nas redes sociais, um conjunto de vídeos com padres e seminaristas para falar da vida no seminário. Multiplicaram-se as mensagens dos senhores bispos e reitores de seminários sobre o que é o seminário e para que serve.
De facto, só não sente a necessidade de sacerdotes, quem não dá valor ao seu ministério; quem teve sempre um padre por perto e julga que o Senhor Bispo, quando o nosso padre ficar velho ou doente, mandará outro para o substituir; quem não sente a Igreja como sua e não se identifica com a sua missão.
Identificar-se com a comunidade cristã onde Jesus se faz presente é o primeiro testemunho para que outros jovens se identifiquem com Ele e O sigam também como padres.
Amadureci a minha vocação no Seminário Maior CPPS em Verride, Montemor-o-Velho. No seminário, viviam três padres e quatro seminaristas. Eles ensinaram-me que ser padre é identificar-me com Jesus pobre e para os outros. Vivíamos numa comunidade muito longe de ser perfeita, mas que rezava, conversava, nós estudávamos e eles davam aulas e atendiam espiritualmente as paróquias. Todos tínhamos a chave de casa e a do carro estava no chaveiro. Havia liberdade e co-responsabilidade. Nós, seminaristas, além do estudo da Teologia, tínhamos os grupos de jovens e da catequese. Fomos acarinhados pelas comunidades cristãs que atendíamos. Recordo com saudade as pessoas que nos ajudaram a crescer e acompanharam até ser ordenado padre.
Hoje, continuo a perseguir este sonho de me identificar com Jesus. Este sonho esbarra muitas vezes com a dificuldade de gerir emocionalmente as dificuldades próprias da pastoral da Igreja: dinheiros, obras de restauro, desafios da catequese, das missas, dos funerais, dos casamentos e baptismos, horários, exigências, papéis, pessoas, da superficialidade da vivência dos sacramentos, dos novos meios de comunicação, do saber acompanhar aqueles, poucos, que ainda não sabem ler e os meninos que nascem a navegar na internet… Às vezes, sinto que se não fosse a graça de Deus que nos vai restaurando não seria capaz de aguentar a elasticidade que no ministério do padre/pastor nos vai exigindo.
Jesus, ao chamar-me, não me enganou. A vida é que é tão surpreendente que não se consegue dar sempre a resposta adequada. Sei que o que faço é não meu; que o dono da missão, a quem chamo Pai Nosso, não vai falhar comigo; porém, no que faço procuro estar ao serviço de Deus que se manifesta nas pessoas que Ele me dá para viver todos os dias.
Obrigado, Jesus!
P. Virgílio