A negra cor do arco-íris

 A negra cor do arco-íris
João Paulo Marrocano

Assistimos neste passado mês de junho, um pouco por todo o mundo livre, a uma inusitada comemoração do orgulho LGBT. Passariam tais comemorações praticamente despercebidas da maioria das pessoas, não fosse esta, este ano, transformada numa batalha fútil mas perigosa, muito perigosa.

     Comecemos pelo início, esta comemoração faz sentido? Não, nenhuma. Estamos perante um movimento nascido na década de 70 do século passado, duas dezenas de anos depois da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela maioria dos países do mundo inteiro. Na realidade, esta sim deveria ser celebrada e vivida não num dia específico, mas todos os dias. O respeito pelo outro, sem exceção, independentemente da sua orientação sexual, religião, cor da pele, raça ou profissão deve ser lembrado, “cultivado” e exigido todos os dias. Também porque, e ao contrário do que muita vez se tenta fazer crer, homossexuais e homofóbicos haverá sempre em todos os quadrantes políticos, credos religiosos, raças ou estratos sociais.

     Então porque se formam estes movimentos? EGOÍSMO, PURO EGOÍSMO. E… OPORTUNISMO POLÍTICO..

     Haverá sempre alguém, em qualquer parte do mundo que se achará com o direito de impor a sua forma de pensar ou de ser aos outros. Haverá sempre alguém, em qualquer parte do mundo a tentar tirar partido das diferenças encontradas na sociedade. Foi com esta filosofia que os descontentes com a declaração que nos torna todos iguais na sociedade criaram movimentos para se afirmarem como cidadãos mais iguais que os outros. Por norma, todos estes movimentos funcionam como “extensões” dos partidos de esquerda moderna, radical e hipócrita que desprovida de quaisquer valores aproveitam qualquer facto para aumentar a sua esfera de influência. Estes movimentos não lutam pela liberdade e tolerância, lutam exatamente pelo o oposto.  

     Foi, no entanto, a conjugação de dois acontecimentos circunstanciais que trouxeram para a ribalta da sociedade esta discussão que salvo raras manifestações simbólicas passavam quase sempre despercebidas. Por um lado, uma lei Húngara a regulamentar a exposição de conteúdos LGBT a menores de 18 anos e por outro o decorrer do campeonato europeu de futebol, acontecimento sempre propício a meter o desportivismo, que se deseja isento de política, na gaveta em detrimento de outros “valores”.

     Não sei o suficiente para avaliar se a tal lei Húngara é ou não limitadora das liberdades da comunidade LGBT, se protetora das crianças e jovens. Sei sim que o “problema” não é a lei em si mesma, mas o facto de a Hungria ter um governo de direita. Sei sim que as reações, uma vez mais, colocam a descoberto a quantidade de “ditadores” e falsos “moralistas” que há por esse mundo fora. Mark Rutte, primeiro ministro dos países baixos, veio dizer que a Hungria devia ser forçada a ajoelhar-se. Normalmente todas as grandes guerras tiveram início precisamente com o desejo de um político de um pais em fazer ajoelhar outra nação.

     Obviamente se esta lei Húngara tivesse coincidido com o próximo campeonato mundial de futebol nada disto teria acontecido. O Qatar não toleraria tal mistura e os “petrodólares” falariam mais alto. Até neste europeu ficou bem patente que os “valores” que interessam não são os que nos querem fazer crer. Nos jogos a realizar na Rússia e Azerbaijão, a UEFA não quer qualquer alusão aos movimentos LGBT, os “valores” a defender são outros.

     Na realidade, para além do aumento da esfera de poder das novas esquerdas, o que verdadeiramente move os movimentos LGBT, por muito que não o queiram admitir, são leis como as que a Argentina aprovou, curiosamente também, neste mesmo mês passado de junho. A Argentina consagrou na sua lei a obrigatoriedade de reservar para a comunidade LGBT 1% dos postos de trabalho na função publica. Portanto, as pessoas passam a ter um posto de trabalho definido não pela sua competência, mas sim pela sua orientação sexual numa clara violação da Carta Universal dos Direitos Humanos. Também o Parlamento Português aprovou já este ano, um projeto de resolução com vários apoios extraordinários, nomeadamente sobre habitação, exclusivamente para a comunidade LGTB. E para os outros? Para os outros, o nosso parlamento reserva um espaço debaixo de uma qualquer ponte. É bom não esquecermos também que temos hoje uma ministra da cultura, que aquando da sua nomeação, foi felicitada por alguns dos seus pares não pela sua competência para o cargo, mas sim pela sua orientação sexual.

     Lamentavelmente estes atropelamentos ao “farol” que devia guiar o nosso exercício elementar de cidadania não incomoda muita gente. Isto sim, é um motivo para nos deixar alerta. É este caminhar para a mediocridade em vez do caminhar para a excelência, ou o deturpar de realidades consoante os interesses subjetivos e não os objetivos que colocam a sociedade em perigo.

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4 Comentários

  • A negra cor do arco-íris, um excelente texto.

    Parabéns ao autor e parabéns à redacção do jornal de Proença a Nova.

  • Parabéns por estas linhas!!!
    O rei vai nu e quase ninguém se apercebe.😢

  • Parabéns pelo artigo. São abordagens como essa que trazem motivação pela continuidade da assinatura do jornal.

    • Bem-haja
      são palavras como estas que incentivam a continuidade regular da escrita.

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