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800 anos do presépio de Greccio
O oitavo centenário do primeiro presépio, recriado no Natal de 1233 por S. Francisco na montanha de Greccio (Rietti, Itália), «não podia passar sem ser devidamente assinalado e celebrado, sobretudo pelas marcas que ele deixou na cultura e arte popular portuguesa», considera a Província Portuguesa da Ordem Franciscana, que organiza um concurso nacional de presépios.
A iniciativa, «que culminará numa exposição visitável», a par da «constituição de um núcleo museológico do presépio popular e contemporâneo», não pretende ficar «pela efeméride», mas permanecer como «memória viva» no futuro, explica uma nota enviada ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
«É nossa intenção conseguirmos mapear a imensa criatividade que o tema Presépio (Belém e Greccio) continua a inspirar em todo o nosso território», adiantam os Franciscanos, que contam, para o concurso, com o «Alto Patrocínio» do presidente da República.
O projeto visa envolver os criadores, artistas e artesãos residentes em Portugal, com vista a «demonstrar e documentar» o enraizamento da tradição cristã da representação do nascimento de Jesus na cultura portuguesa.
Cada concorrente pode apresentar, até 20 de novembro, não mais que uma peça, utilizando todo o tipo de arte ou materiais, com as dimensões máximas de 150 cm de largura e 150 cm de altura, explica o regulamento.
Os jurados orientar-se-ão pelos seguintes critérios: tradição ou modernidade; execução técnica; originalidade; estética; adequação à motivação e temática franciscanas
O vencedor do primeiro prémio ganhará cinco mil euros, o segundo terá dois mil e quinhentos euros, enquanto ao terceiro premiado será oferecida uma viagem à Terra Santa para uma pessoa.
O júri do concurso é constituído por Alexandre Nobre Pais (diretor do Museu Nacional do Azulejo), Delfim Manuel (ceramista), Isidro Pereira Lamelas, OFM, Maria Antónia Aleixo Pinto de Matos (diretora do Museu da Presidência), Pedro Teotónio Pereira (coordenador do Museu de Lisboa – Santo António), Rui Costa (vice-presidente da Câmara Municipal de Alenquer) e Teresa Perdigão (antropóloga).
Os jurados orientar-se-ão pelos seguintes critérios: tradição ou modernidade; execução técnica; originalidade; estética; adequação à motivação e temática franciscanas.
Os trabalhos premiados serão doados ao Museu da Província Portuguesa da Ordem Franciscana. Proceder-se-á também a uma seleção de 80 obras, a ceder à instituição organizadora, pelo valor unitário de 125 euros.
Todos os presépios apresentados a concurso serão expostos entre 8 de dezembro e 7 de janeiro de 2024, no Seminário da Luz, em Lisboa, com algumas peças expostas no Museu Nacional do Azulejo e no Museu de Lisboa – Santo António.
«Mandou preparar uma manjedoira com palha, e trazer um boi e um burrito. Convocaram-se muitos Irmãos; vieram inúmeras pessoas; pela floresta ressoaram cânticos alegres… Essa noite venerável revestiu-se de esplendor e solenidade, iluminada por uma infinidade de tochas a arder e ao som de cânticos harmoniosos»
Aos candidatos pede-se o envio da ficha de inscrição, acompanhada por uma fotografia da peça submetida a concurso, antes da sua entrega num dos locais previstos pelo regulamento. Ambos os documentos podem ser lidos e descarregados nas ligações a seguir a este artigo.
Escreveu S. Boaventura, a propósito do presépio de Greccio: «Três anos antes da morte [S. Francisco] resolveu celebrar com a maior solenidade possível a festa do Nascimento do Menino Jesus, ao pé da povoação de Greccio, a fim de estimular a devoção daquela gente. Mas para que um tal projeto não fosse tido por revolucionário, pediu para isso licença ao Sumo Pontífice, que lha concedeu.
«Mandou preparar uma manjedoira com palha, e trazer um boi e um burrito. Convocaram-se muitos Irmãos; vieram inúmeras pessoas; pela floresta ressoaram cânticos alegres…
Essa noite venerável revestiu-se de esplendor e solenidade, iluminada por uma infinidade de tochas a arder e ao som de cânticos harmoniosos.
O homem de Deus estava de pé diante do presépio, cheio de piedade, banhado em lágrimas e irradiante de alegria. O altar dessa missa foi a manjedoira.
Francisco, que era diácono, fez a proclamação do Evangelho. Em seguida dirigiu a palavra à assembleia, contando o nascimento do pobre Rei, a quem chamou, com ternura e devoção, o Menino de Belém. (…)
O exemplo de Francisco correu mundo e ainda hoje consegue excitar à fé de Cristo muitos corações adormecidos.»
Rui Jorge Martins, Imagem: Cartaz do concurso (det.), Publicado em 06.11.2023